Determinação da Intensidade de Exercício que Propicia a Máxima Oxidação de Gordura em Mulheres Idosas

O envelhecimento está associado com algumas alterações fisiológicas como aumento da massa corporal e diminuição na massa livre de gordura. O aumento da massa corporal durante o envelhecimento pode ser resultado de um desiquilíbrio entre a ingestão e o gasto de energia. Além do mais, o aumento da massa corporal decorrente de uma aumentada ingestão energética pode estar associada com um incremente do percentual do gordura, e isto, resultar no desenvolvimento de doenças cardiovasculares, diabetes, hipertensão, etc.

O exercício físico pode ser uma importante ferramenta para o controle da massa corporal em longo prazo em indivíduos adultos. Contudo, a escolha da intensidade apropriada para maximizar a perda da gordura corporal em sujeitos idosos apresenta-se pouco explorada. Neste sentido, descrever qual a intensidade de exercício que propicia a máxima oxidação de gordura corporal em atividades físicas de fácil acesso assim como seguras, como a caminhada para indivíduos idosos torna-se relevante.

Baseado nestas informações, o grupo do Centro de Pesquisa em Exercício e Esporte da Universidade Federal do Paraná, coordenada pelo professor e Doutor Sérgio Gregória da Silva, realizaram um estudo objetivando verificar a intensidade de exercício que propicia a maior oxidação de gordura em mulheres idosas. Participaram do estudo 23 mulheres idosas com faixa etária de 66.7 ± 7.43 anos, IMC de 28,2 ± 3.2 kg/m2, e consumo máximo de oxigênio (VO2max) 21.3 ± 4.4 ml/kg/min. Os resultados deste estudo mostram que a intensidade de máxima oxidação de gordura (FATmax) das mulheres idosas foi de 54% do VO2max, e que a máxima oxidação de gordura (MOG) foi de 0.37 g/min. Além do mais, outro resultado bastante interessante foi a zona do FATmax, o qual oscilou de 48% a 59% do VO2máx (Figura 1) (Elsangedy et al. 2010).

Os resultados deste estudo tem uma aplicação prática importantíssima, tanto por demonstrar qual é a intensidade ótima para a obtenção da MOG na amostra participante como por estimar a quantidade de gordura oxidada por minuto nesta intensidade. Ao associarmos estas informações com as informações de estudos publicados previamente (Tabela 1), pode-se verificar que a intensidade da reserva da freqüência cardíaca se aproxima de forma bastante fidedigna da intensidade do VO2máx (Pollock et al 1998).

A reserva da freqüência cardíaca pode ser facilmente estimada á partir da seguinte equação: {[(FCmáx-FCrepouso)*(% do trabalho)]+(FCrepouso)} (Karvonen et al. 1957). Estas informações podem ser facilmente aplicadas em ambientes como academias de ginásticas, clubes, parques, etc., além de ser uma forma bastante segura e eficaz de prescrição de exercício aeróbico em indivíduos aparentemente saudáveis. Contudo, vale lembrar assim como os próprios autores do estudo mencionaram, o exercício é apenas uma das abordagens que pode ser utilizado para o controle ponderal, e, associar exercício físico com o controle alimentar pode resultar em controle ponderal tão eficiente quanto o exercício sozinho, principalmente, quando se for associado a intensidade do FATmax como a que foi demonstrado recentemente.

Juliano Machado

Doutorando em Fisiologia pela Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto – USP (2011); Mestre em Fisiologia da Performance (UFPR - 2010); Especialista em Fisiologia do Exercício (UFPR - 2009);Especialista em Fisiologia do Exercício (Gama Filho - 2008); Licenciatura Plena em Educação Física (UNIVILLE - 2006).

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Referência

Elsangedy HM et al. Determinação da intensidade de exercício que propicia a máxima oxidação de gordura em mulheres idosas. Braz J Sport Exerc Res, 2010, 1(1):59-63.

Karvonen MJ et al. The effects of training on heart rate: A longitudinal study. Ann Med Exper Fenn 1957, 35: 307-315.

Pollock ML et al. The recommended quantity and quality of exercise for developing and maintaing cardiorespiratory and muscular fitness, and flexibility in healthy adults. Med Sci Sports Exerc 1998, 30:127-137.