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quinta-feira, 7 de julho de 2011

Quais os Efeitos de um Programa de Treinamento com Exercícios de Alongamento sobre a Flexibilidade e Performance Muscular em Idosas?

Muitas pessoas se perguntam constantemente, qual é a importância que a flexibilidade tem tanto para a saúde assim como para a performance desportiva? Parece que dependendo do contexto onde a flexibilidade se enquadra, esta é fundamental tanto para a saúde assim como para o desporto. Tentemos imaginar o quanto um ginasta perderia a sua plasticidade nos movimentos caso não fosse flexível o suficiente para a sua modalidade desportiva. Num outro extremo, pode-se analisar a importância da flexibilidade para a realização deatividades da vida diária (AVDs), como por exemplo, flexionar o tronco para pegar algum objeto que esteja no chão, quem tem a flexibilidade diminuída sabe muito bem o quanto essa tarefa aparentemente simples, torna-se difícil.


Embora negligenciada com freqüência, a flexibilidade é um importante componente da aptidão física relacionada à saúde. Níveis adequados de flexibilidade, mantém a independência funcional e o desempenho de atividades da vida diária, tais como curvar-se para pegar um jornal ou sair do banco de trás de um carro de duas portas. Ao longo dos anos, a flexibilidade têm sido incluída em baterias de testes de aptidão física relacionada à saúde, por acreditar que a falta desta esteja associada com lesões musculoesqueléticas e dor lombar (Heyward 2004).


Pesquisas sugerem que indivíduos com pouca (ancilose) ou muita (hipermobilidade) flexibilidade correm risco mais alto do que outros de sofrer lesões musculoesqueléticas. Contudo, parece existir evidências limitadas de que a flexibilidade maior que o normal realmente diminui o risco de lesões. Além do mais, parece não existir uma forte associação entre flexibilidade lombar/dos isquiotibiais e a incidência de dor lombar. Porém, a flexibilidade deve ser incluída em baterias de testes de aptidão física relacionada à saúde para identificar os indivíduos nos extremos, ou seja, aqueles expostos a riscos mais elevado de apresentarem lesões musculotendíneas (Heyward 2004).


A inatividade física é a principal causa da falta de flexibilidade (Heyward, 2004). Além do mais, indivíduos jovens com flexibilidadediminuida e idosos que apresentam rigidez muscular aumentada, e tolerância mais baixa ao alongamento quando comparados ao indivíduos mais jovens com flexibilidade normal (Magnusson, 1998). Contudo, o treinamento com exercícios de alongamento pode ajudar a impedir as reduções na amplitude de movimento/flexibilidade, principalmente aquelas que acompanham a idade.


Neste sentido, um recente estudo publicado por um grupo de pesquisa da Universidade Federal do Paraná, coordenado pela professora Dra Anna Raquel S. Gomes, com o objetivo de analisar quais os efeitos de um programa de alongamento crônico dos músculos isquiotibiais em idosas institucionalizadas (3x/semana por 08 semanas consecutivas). Após os critérios de inclusão e exlcusão, participaram do estudo 17 idosas (67,0 ± 9,02 anos; 72,4 ±17,1kg; 154,0 ± 0,08 cm) As idosas foram randomizadas em dois grupos, sendo; Grupo Controle (n=09) as idosas receberam orientações sobre saúde através de palestras educativas e atividades lúdico-culturais; Grupo Alongamento (n=08), as idosas realizaram um aquecimento prévio e uma série de exercícios de alongamento orientados. O Programa de alongamento dos músculos isquiotibiais foi realizado no coletivo, onde cada participante sentava-se sobre um colchonete, com a coluna alinhada verticalmente; em seguida, o membro contralateral foi mantido levemente abduzido com flexão de joelho e quadril, com o pé apoiado no solo; na seqüência, a participante utilizou-se uma faixa de tecido não-elástico que foi passada pela superfície plantar do membro a ser alongado, segurando-a firmemente, com ambas a mãos; em seguida, a participante estendeu o joelho ao máximo possível inclinado o tronco anteriormente, no limite de sua tolerância, mantendo essa posição por 60 segundos, em seguida, a participante foi instruída a relaxar e retornar a posição inicial, permanecendo em repouso por 60 segundos; Em cada sessão, o protocolo de alongamento foi mantido por 60s com relaxamento de 60s entre cada repetição, repetindo-se 4 vezes consecutivas, sendo respeitado o limite de tensão de cada participante (Gallon et al 2011).


Os principais achados deste estudo foram: 1) idosas institucionalizadas apresentam uma diminuída flexibilidade antes do período experimental. Esse achado reforça o efeito negativo e da institucionalização e da falta de atividade física; 2) constatou-se que o protocolo de treinamento foi efetivo para aumentar a flexibilidade dos flexores do joelho após o período experimental; e 3) verificou-se que o grupo controle após o período de treinamento, apresentavam um declínio músculo-tendão e do torque excêntrico dos extensores do joelho, resultado que não foi observado no grupo alongamento, o qual não apresentou nenhuma mudança neste quesito (Tabela 1). Diante destes resultados, os autores concluem que o programa de alongamento ativo dos músculos flexores do joelho foi efetivo para aumentar a amplitude de movimento das idosas institucionalizadas. Ao contrário, a não realização de exercício de alongamento foi prejudicial à amplitude de movimento e ao torque excêntrico dos músculos extensores do joelho extensor das idosas. O exercício de alongamento apesar de não ter produzido aumento o pico de torque, foi suficiente para impedir sua perda (Gallon et al. 2011).




Juliano Machado

Doutorando em Fisiologia pela Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto – USP (2011); Mestre em Fisiologia da Performance (UFPR - 2010); Especialista em Fisiologia do Exercício (UFPR - 2009);Especialista em Fisiologia do Exercício (Gama Filho - 2008); Licenciatura Plena em Educação Física (UNIVILLE - 2006).

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Referência

Gallon D et al. The effects of stretching on the flexibility, muscle performance and functionality of institutionalized older women. Braz J Med Biol Res 2011, 44(3): 229-235.

Magnusson SP. Passive properties of human skeletal muscle during stretch maneuvers. A review. Scand J Med Sci Sports 1998, 8(2): 65-77.

Heyward VH. Avaliação física e prescrição de exercício. Técnicas avançadas. 4a Ed - Porto Alegre: Artmed, 2004.

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