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domingo, 21 de agosto de 2011

Rápida Aminoacidemia Aumenta a Síntese de Proteína Miofibrilar e a Sinalização Anabólica Intramuscular Após o Exercício Resistido


A ingestão de proteína produz um aumento nas concentrações de aminoácidos no sangue (aminoacidemia), e estimula a síntese de proteína muscular, efeito que é aumentado quando o exercício resistido é realizado. A estimulação da síntese proteica conduzida pelos aminoácidos essenciais (EAA), parece ser ativado pelo aminoácido leucina, e ocorre de maneira dose-dependente no repouso e pós-exercício. A digestão das proteínas e a resultante aminoacidemia é uma variável independente que também afeta a amplitude dos aumentos agudos na síntese de proteína muscular. Por exemplo, a ingestão de uma proteína de rápida absorção como a proteína do soro do leite (whey protein), quando comparada com a caseína, uma proteína de lenta absorção, resulta em um rápido e transitório aumento nas concentrações de aminoácidos no sangue quando ingerido na forma de proteína de rápida absorção quando comparada com a de lenta absorção. Estes padrões estereotípicos da aminoacidemia tem um profundo efeito sobre o "turnover" proteico do corpo todo, mas pouco se sabe sobre o que acontece na musculatura esquelética, particularmente após o exercício.

Existem estudos que reportaram que a taxa de síntese proteica estimulada pelo exercício é maior depois da ingestão do whey do que depois da ingestão da caseína durante o período de recuperação, o qual pode ser estimulado por um maior aumento nas concentrações de leucina e de outros aminoácidos essenciais no sangue. Tem sido testado previamente que o rápido aumento nas concentrações de EAA ou que a leucinemia, são importantes para as elevações nas taxas de síntese proteica muscular em resposta a uma refeição no repouso e após o exercício resistido. Outros estudos também suportam esta ideia, através da hidrólise enzimática da proteína caseína para render peptídeos rapidamente digeridos, e assim resultar em aminoacidemia, demonstraram uma tendencia para elevadas taxas de síntese proteica no repouso. Ao utilizar esta metodologia, os autores eliminaram os fatores confundidores, como, as diferentes composições de aminoácidos existentes nas proteínas, nos quais afetariam a síntese proteica.

Nestes estudos, foi mensurada a taxa de síntese proteica misturada, e parece não existir nenhum estudo que tenha analisado a síntese de proteína miofibrilar (MPS), que é sensível tanto aos nutrientes como ao exercício. Diante disto, um recente estudo objetivou determinar como o padrão de aminoacidemia afeta a taxa pós-prandial de MPS após a realização de uma sessão de exercício resistido. Para remover a influencia de diferentes composições de aminoácidos, os autores utilizaram como fonte proteica, o whey protein (proteína do soro do leite), consumida em um bolus único (BOLUS), ou como repetidos pequenos pulsos (PULSE) para criar, tanto uma rápida e transitória aminoacidemia assim como uma lenta e sustentada aminoacidemia, respectivamente. Foi também analisado a via de sinalização das proteínas quinases Akt-mTOR, a qual é uma via de síntese proteica bem descrita, para prover os mecanismos potenciais envolvidos nas taxas de MPS durante o período de recuperação pós-exercício.

Em testes separados, oito homens saudáveis e ativos em nível recreacional (média ± EPA: idade: 21,5 1 anos; estatura: 1,81 0,02 m; peso: 80,1 3,5 kg; IMC: 24,3 0,8 kg/m2), consumiram whey protein tanto em único bolus (BOLUS; 25 g dose) ou como repetidas e pequenas bebidas em forma de "pulso" (PULSE; 10 bebidas de 2,5 g a cada 20 minutos), para mimetizar uma proteína digerida mais lentamente. Vale salientar que todas as bebidas foram preparadas sem nenhum aditivo. As bebidas com o soro do leite (whey protein) continham no total 12,8 g de EAA, 3,5 g de leucina e nenhum carboidrato e gordura. O protocolo de exercício consistiu em realizar 8 séries de 8-10 repetições máximas do exercício de extensão de pernas sentado bilateral, com doi minutos de descanso entre as séries. A MPS e o estado de fosforilação (ativação) das proteínas de sinalização envolvidas com a síntese proteica foram mensuradas no repouso e após a realização de uma sessão de exercício resistido. Este estudo mostrou que o BOLUS aumentou as concentrações de EAA no sangue acima dos valores do PULSE (162% comparado com 53%, p<0,001) 60 minutos após o exercício, enquanto o PULSE resultou em um menor mas sustentado aumento na aminoacidemia que permaneceu elevado acima da quantidades do BOLUS em um período tardio (180-220 minutos após o exercício, p<0,05; FIGURA 1).


A MPS esteve elevada em um maior grau tanto em período precoce (1-3 h: 95% de aumento comparado com 42% de aumento) como em período tardio (3-5 h: 193% comparado com 121%) através da ingestão de um bolus único e parcial respectivamente (FIGURA 2). A via de sinalização da Akt-mTOR (via de sinalização de síntese proteica) também apresentou uma maior mudança de fosforilação/ativação após o BOLUS quando comparado ao PULSE.


Diante disto, este estudo conclui que a rápida aminoacidemia no período pós-exercício aumenta a MPS e a sinalização anabólica para um maior grau do que uma uma quantidade idêntica de proteína em pequenos pulsos que mimetize uma proteína mais lentamente digerida. Assim, um pronunciado aumento na aminoacidemia aumenta a síntese proteica.

Juliano Machado

Doutorando em Fisiologia pela Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto – USP (2011); Mestre em Fisiologia da Performance (UFPR - 2010); Especialista em Fisiologia do Exercício (UFPR - 2009);Especialista em Fisiologia do Exercício (Gama Filho - 2008); Licenciatura Plena em Educação Física (UNIVILLE - 2006).

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Referência

West DWD et al. Rapid aminoacidemia enhances myofibrillar protein synthesis and anabolic intramuscular signaling responses after resistance exercise. Am J Clin Nutr 2011.

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