
A dor crônica nos tendões de Achilles (ou calcâneo) e patelar é algo muito comum. Na população geral, o tempo de vida cumulativo de incidências de tendinopatia é de 5,9% entre indivíduos sedentários e 50% entre os atletas de endurance (KUJALA, e colaboradores, 2005), ou seja, aqueles atletas que realizam provas que exigem resistência por um período de tempo prolongado. Além do mais, existem estudos mostrando que a prevalência total de tendinopatia patelar na população atlética específica oscila de
A visão tradicional da tendinopatia é uma injuria no tendão associado com “overuse” (uso extremo) da carga mecânica repetitiva, micro-lesões, e fases agudas e crônicas da inflamação que leva à degeneração do tendão, o que é comumente vista em atletas de elite, apesar de que estas situações também ocorrem em indivíduos inativos (ALFREDSON & LERENTON, 2000). Neste sentido, todos os níveis de atletas assim como a população não atleta deveriam prestar atenção em sinais básicos presente nestas estruturas, como a dor, visto tanto durante o esforço físico como em repouso.
No momento, a teoria do estresse mecânico é a mais aceita para explicar os mecanismos de lesão das injurias do tendão sobrecarregado (Fredberg & Stengaard-Pedersen, 2008). A sobrecarga repetitiva e intensa pode produzir mudanças patológicas iniciais tanto na matriz extracelular quanto nas células que constituem o tendão (Fredberg & Stengaard-Pedersen, 2008). Quando a sobrecarga excede a força do tendão (resistência), lesões progressivas podem causar micro e macroscópica rupturas pelo estresse repetitivo (Fredberg & Stengaard-Pedersen, 2008).
A sobrecarga extrema no esforço físico tem um papel altamente decisivo na tendinopatia porque a incidência dessa patologia é aproximadamente 10 vezes maior entre atletas de endurance de elite do que entre pessoas sedentárias (KUJALA, e colaboradores, 2005). Além, do mais, algumas pessoas apresentam predisposição genética no desenvolvimento de tendinopatias (MOKONE, e colaboradores, 2005), o que talvez explique porque alguns indivíduos não seguem a carreira esportiva seja recreacional ou profissional.
É bastante plausível que os tendões tenham uma força mecânica residual, o qual depende da história de sobrecarga do tendão, ou seja, do nível de treinamento individual (Fredberg & Stengaard-Pedersen, 2008). Uma vez que ocorra um rápido aumento na carga de treinamento, na freqüência ou na duração, os tendões podem não ser capazes de se adaptar rápido o suficiente a estas mudanças (Fredberg & Stengaard-Pedersen, 2008). Sobre circunstâncias, nas quais o treinamento ou o esforço físico respeitam o tempo de estímulo e recuperação, uma pequena injuria irá cicatrizar como parte normal do remodelamento do tendão, mas se o treinamento ou até mesmo o esforço físico forem extremamente demasiados, estas pequenas micro-lesões resultam em progressivas mudanças no tendão, pois este não terá tempo suficiente para recuperar-se (Fredberg & Stengaard-Pedersen, 2008). Assim, as lesões gradativamente se agravam de um nível assintomático para um nível sintomático, quando o indivíduo já começa sentir dores (figura 1).
Diante de todas as colocações citadas acima, é possível verificar que esta situação patológica é extremamente complexa, e a evolução de um quadro assintomático para sintomático depende de muitos fatores, especialmente que se leva em consideração a sobrecarga repetitiva e intensa, porém, muitas situações podem ser atenuadas com uma orientação de um profissional qualificado e especialista. Quando o quadro sintomático ocorre, o indivíduo deve consultar um médico ortopedista especialista, para obter informações sobre o quadro clínico e conseqüentemente uma melhora progressiva.
REFERENCIAS
Alfredson H, Lorentzon R. Chronic Achilles tendinosis: recommendations for treatment and prevention. Sports Med 2000: 29: 135–146.
Fredberg U, Stengaard-Pedersen K. Chronic tendinopathy tissue pathology, pain mechanisms, and etiology with a special focus on inflammation. Scand J Med Sci Sports 2008: 18: 3–15.
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