MedWire Notícias: 13 de janeiro de 2011
Pesquisadores sugerem que mais de duas horas diárias de entretenimento na frente de uma televisão (TV), como assistir TV ou jogar vídeo game, pode aumentar os riscos de mortalidade e de doenças cardiovasculares (DCV), mesmo entre pessoas que são fisicamente ativas.
O Pesquisador Emmanuel Stamatakis e seu grupo de pesquisa (University College London, UK), dizem que muitas pessoas mantém uma postura ocupacional sentada por um período de tempo prolongado, e este tipo de inatividade é mais difícil de modificar do a inatividade física de lazer. Eles sugerem que a inatividade física de lazer pode ser resolvida com relativa facilidade, e isto pode representar um meio viável de reduzir o risco de DCV.
"É tudo uma questão de hábito. Muitos de nós temos o hábito de retornarmos para casa após um dia de trabalho, ligarmos a TV, ficarmos sentado por várias horas - isto é conveniente e fácil de fazer", disse Stamatakis. Stamatakis et al sugerem que a redução de inatividade recreacional pode ser um bom ponto de partida para diminuir o risco de DCV através da modificação de comportamento sedentário.
O estudo, publicado no Journal of American College of Cardiology , envolveu 4.512 homens e mulheres com idade mínima de 35 anos. Estes indivíduos foram divididos em diferentes grupos de acordo com o período de tempo assistindo TV diariamente: menos de 2 horas (n = 771); a partir de 2 até 4 horas (n = 2441); e, 4 horas ou mais (n = 1300). Os riscos de eventos por todas as causas de mortalidade e de doenças cardiovasculares foram avaliadas por um período médio de quatro anos, durante os quais, 325 mortes por qualquer causa, e, 215 eventos cardiovasculares ocorreram.
Os participantes que assistiam acima de 4 horas diárias de entretenimento na TV tiveram um risco 1,52 e 2,30 vezes maior para todas as causas de mortalidade (p = 0,013) e eventos cardiovasculares (p = 0,009), respectivamente, do que os participantes que gastaram menos de 2 horas de lazer em frente de uma tela a cada dia.
Mesmo após os ajustes para os efeitos da atividade física de intensidade moderada a vigorosa física, Stamatakis e o seu grupo de pesquisa observaram apenas uma pequena mudança no risco de um ou de outro resultado.
Os participantes que gastaram entre 2 e 4 horas em entretenimento diário na TV também tiveram um risco maior de todas as causas de mortalidade e eventos cardiovasculares do que aqueles que gastam menos de 2 horas diárias. No entanto, o risco não era tão alto quanto o risco de pessoas que gastaram acima de 4 horas de lazer em frente de uma TV por dia.
Os investigadores relatam ainda 28% da associação observada entre o tempo assistindo TV e risco de DCV contabilizado pelo índice de massa corporal (IMC), lipoproteína de alta densidade (HDL-C, popularmente conhecida como colesterol bom), colesterol total e níveis de proteína C-reativa dos participantes.
Os autores admitem que os mecanismos envolvidos nos resultados obtidos no estudo deles não são claros, e concluem que são necessários mais estudos para corroborar com os resultados deles, assim como estudos experimentais para determinar os mecanismos exatos envolvidos nestas respostas. No entanto, eles dizem que os resultados obtidos no estudo deles suportam a inclusão de uma diretriz de comportamentos sedentários em recomendações para a saúde pública, para que isto tenha efeito sobre a prevenção de doenças cardiovasculares.
Juliano Machado
Mestre em Fisiologia da Performance (UFPR - 2010)
Especialista em Fisiologia do Exercício (UFPR - 2009)
Especialista em Fisiologia do Exercício (Gama Filho - 2008)
Licenciatura Plena em Educação Física (UNIVILLE - 2006)
Personal Trainer, jumachado17@yahoo.com.br
Referências
MedWire (news.md www.medwire) Springer Healthcare Limited, 2011.
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