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terça-feira, 18 de janeiro de 2011

Exercício Físico como Medicina. O Papel do Exercício no Tratamento de Doenças Crônicas Degenerativas: Treinamento Resistido e Hipertensão Arterial


O Colégio Americano de Medicina do Esporte (American College of Sports Medicine - ACSM, 2007), recentemente publicou uma série de revisão de literatura sobre o papel do exercício físico no tratamento de doenças crônicas degenerativas. A revisão atual focará no papel do exercício resistido no controle da pressão arterial.
A atividade física regular é um importante componente do estilo de vida saudável. Estudos epidemiológicos têm demonstrado que um estilo de vida sedentário ou baixos níveis de atividade física diária, estão associados com aumentada taxa de mortalidade por todas as causas (1). Por outro lado, aumentados níveis de prática de atividade física diária estão associados com diminuídas taxas de mortalidade, além de apresentar um papel benéfico na prevenção de inúmeras doenças cronicas degenerativas. Neste sentido, esta breve revisão focará no uso do exercício como modalidade terapêutica sobre o controle destas patologias.
Embora muitos dos estudos que tenham examinado os efeitos do exercício sobre a pressão arterial (PA) tenham utilizado a modalidade de exercício de endurance ou aeróbico, alguns investigadores têm se preocupado em estudar qual o impacto do exercício resistido sobre a PA. Tradicionalmente pacientes hipertensos eram desencorajados de realizarem o treinamento resistido, pois esta modalidade de exercício poderia precipitar eventos cerebrovasculares ou isquemia do miocárdio. Estas recomendações foram baseadas nos resultados de estudos que demonstraram drásticas elevações agudas na PA durante um único episódio de treinamento resistido pesado (2) e de publicações que descreveram registros de casos isolados descrevendo eventos adversos (3). No entanto, estudos investigando o impacto da realização crônica (a longo prazo) do treinamento resistido têm falhado em documentar efeitos deletérios de tal modalidade (4, 5, 6). De fato, o treinamento de força regular tem demonstrado amenizar as respostas agudas na PA tanto em sujeitos normotensivos como hipertensivos (7).
Em 1997, Kelly, publicaram uma meta-analise de nove estudos examinado os efeitos do treinamento com pesos dinâmico (treinamento resistido) sobre a PA em adultos (8). Os resultados deste estudo demonstraram que o treinamento com pesos dinâmico reduz a pressão arterial sistólica (PAS) e diastólica (PAD) em 3% e 4%, respectivamente. Um outro estudo um pouco mais recente, Cornelissen & Fagard (9), publicaram outra meta-análise de nove estudos, também avaliando os efeitos do trainamento resitido sobre a PA. Este estudo mostrou similar reduções na PAS (3.2 mmHg; p=0.10) e na PAD (3.5 mmHg; p<0.05).
Um ponto fundamental que deve ser levando em consideração quando se realizam as meensurações da PA logo após o exercício resistido, é o intervalo de tempo para a realização das mensurações, e as informações considerando o protocolo de treinamento resistido utilizado. Este último fator é fudamental, pois, esta informações precisamente permite identificar ou quantificar os estímulos do treinamento, pois, diferentes formas de treinamento com pesos podem resultar em diferentes respostas fisiológicas.
Por exemplo, quando se compara o treinamento com pesos convencional com o treinamento com pesos em circuito, o qual combina uma característica de trabalho com pesos juntamente com um trabalho aeróbico e consequentemente solicitando um pouco mais o metabolismo aeróbico, este último, terá a capacidade de melhorar tanto a capacidade aeróbica como a força muscular. É claro que estas respostas dependem do nível de condicionamento do sujeito, e na situação da revisão atual, deve-se considerar que estas respostas se adequam a um sujeito hipertenso previamente sedentário.
No entanto, estudos examinando os efeitos do treinamento com pesos sobre a PA tem consistentemente encontrado que o treinamento com pesos em circuito é mais efetivo em reduzir a PA do que o treinamento com pesos convencional (10). Assim, pode ser concluido que o treinamento com pesos tradicional deveria ser aliado ao exercício aeróbico para a obtenção dos efeitos béficos ótimos sobre o tratamento da hipertensão arterial (11)

Juliano Machado
Mestre em Fisiologia da Performance (UFPR - 2010)
Especialista em Fisiologia do Exercício (UFPR - 2009)
Especialista em Fisiologia do Exercício (Gama Filho - 2008)
Licenciatura Plena em Educação Física (UNIVILLE - 2006)
Personal Trainer, jumachado17@yahoo.com.br
Fonte de Revisão:
American College of sports Medicine, 2007. ACSM’s Primary Care Sports Medicine, 2nd Edition. Chap. 7. Exercise as Medicine: The Role of Exercise in Treating Chronic Disease.


Referências

1. Pate RR, Pratt M, Blair SN, et al. Physical activity and public health: a recommendation from the Centers for Disease Control and Prevention and the American College of Sports Medicine. JAMA 1995;273:402–407.

2. MacDougall JD, Tuxen D, Sale J, et al. Arterial blood pressure response to heavy exercise. J Appl Physiol1985;58:785–790.

3. Haykowsky MJ, Findlay JM, Ignaszewski AP. Aneurysmal subarachnoid hemorrhage associated with weight training: three case reports. Clin J Sport Med 1996;6:52–55.

4. Gordon NF, Scott CB, Wilkinson WJ, et al. Exercise and mild essential hypertension: recommendations for adults. Sports Med 1990;10:390–404.

5. Hagberg JM, Ehsani AA, Goldring D, et al. Effects of weight training on blood pressure and hemodynamics in hypertensive adolescents. J Pediatr 1984;104(1):147–151.

6. Kiveloff B. Huber 0: brief maximal isometric exercise in hypertension. J Am Geriatr Soc 1971;19:1006–1012.

7. American College of Sports Medicine Position Stand. Exercise and hypertension. Med Sci Sports Exerc2004;36(3):533–553.

8. Kelley G. Dynamic resistance exercise and resting blood pressure in adults: a meta-analysis. J Appl Physiol1997;82:1559–1565.

9. Cornelissen VA, Fagard RH. Effect of resistance training on resting blood pressure: a meta-analysis of randomized controlled trials. J Hypertens 2005;23(2):251–259.

10. Harris KA, Holly RG. Physiological responses to circuit weight training in borderline hypertensive subjects.Med Sci Sports Exerc 1987;19:246–252.

11. American College of Sports Medicine. ACSM’s guidelines for exercise testing and prescription, 6th ed. Philadelphia: Lippincott Williams & Wilkins, 2000.

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